Debugging: A arte de errar

Você já parou para pensar em como aprende algo novo? Talvez você se lembre da primeira vez que tentou assobiar e só conseguiu soprar o ar sem produzir som.
– Se foi desse jeito, você foi bem melhor do que eu, ainda lembro da baba saindo minha boca, e a vergonha que tomou conta de mim.
E quando você tentou andar de bicicleta? Você também sentiu a inevitável queda antes de finalmente conseguir deslizar sem esforço? Esses momentos podem ter parecido frustrantes, mas se você olhar com atenção, verá que fazem parte de um processo fundamental: planejar, testar, errar, ajustar e tentar novamente.
Na programação, existe um conceito chamado debugging. O nome pode soar técnico, mas a essência dele é universal: É o ato de encontrar, identificar e corrigir error. Um programador escreve um código e, quase sempre, ele não funciona perfeitamente de primeira. Algo dá errado, ele revisa, testa, ajusta e tenta novamente. E nesse ciclo, algo fascinante acontece: ele aprende.
Segundo o site vida de programador, “Debugar é a arte de remover os bugs (erros) de um sistema“, enquanto “Programar é a arte de criar os bugs (erros) em um sistema“.
O erro, longe de ser um obstáculo, torna-se um professor. Imagine um escultor esculpindo uma peça de madeira. A cada golpe do formão, ele percebe a textura, sente a resistência do material e ajusta a sua mão para o próximo movimento. Se a madeira racha, ele não joga fora o bloco inteiro; ele observa, entende e refaz o corte de outra maneira. O debugging é esse processo de lapidação. Só que, em vez de madeira, lidamos com ideias, pensamentos e aprendizados.
Por muito tempo, eu via os erros como pequenas tragédias pessoais. Ao me deparar com algo que não funcionava, sentia frustração, raiva e até um certo desânimo.
– O que eu estava pensando, para fazer uma idiotice dessas? Quem nunca, né!
Até que me dei conta de que, se não fossem as variações erráticas gerando erros (mutações) aleatórios em moléculas e tais erros se acumulando ao longo de milhões de anos, a própria vida nem existiria. Erros não são desvios do caminho, eles são o próprio caminho. Hoje, vejo cada falha como um ponto de fusão entre uma versão antiga e uma nova versão de mim mesmo, aperfeiçoada pelo aprendizado.
Se você já se sentiu paralisado pelo medo de errar, pense no debugging. Pense em como cada erro contém um dado, uma pista, um pequeno mapa para a solução. Pense no escultor, que aceita cada rachadura como parte do processo. O erro não é um veredito, é uma conversa. Quanto mais você dialoga com ele, mais você aprende, mais você se transforma.
Então, da próxima vez que se encontrar diante de um erro – seja ao aprender um idioma, cozinhar um prato novo ou tomar uma decisão difícil – experimente mudar a perspectiva. Em vez de um problema, veja um convite. O debugging da via está sempre acontecendo. E a cada erro, uma nova versão de você mesmo emerge, mais forte, mais sábia, mais capaz! E em seu comportamento está a decisão de nutrir e fortalecer ou estrangular e minar essa nova versão.
Nota do Autor:
Se você nunca se permite errar, você nunca se permitiu tentar de verdade. Olhe para a natureza, como identificamos os mais corajosos e bravos em um grupo de animais? Olhamos para as cicatrizes, elas são testemunhos inegáveis de tudo que ele enfrentou e sobreviveu! Da próxima vez que você errar, lembre-se que cada falha carrega uma lição, mas só aprende quem se permite escutá-la. O erro não é o fim do caminho, ele é a base para a ponte que você precisa construir.
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