Estamos prontos?

Já apontou Clarisse Lispector :”Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir”.

É inegável que a vida nos impõe experiências, mas será que estamos, de fato, prontos para experimentar e aprender? Pergunto, porque para mim ainda é bastante tentador viver experiências na não aceitação, isto é, em meio a julgamento, culpa, medo, remorso.

Busco estar constantemente em alerta, pois entendo ser importante ter consciência e saber o que é benéfico e o que não é, saber escolher, saber decidir e, principalmente, aprender a aceitar minhas escolhas mesmo quando as consequências não são as melhores, e isso é difícil por que tenho uma forte tendência de pegar o chicote da autocrítica e ficar me remoendo.

Como é complexo lidar com nosso ego e nossas crenças, especialmente, quando as ocultamos tanto que chegamos a acreditar que elas não existem, você já pensou como fica difícil transformar algo “inexistente”.

Eu sou perfeccionista e por muito tempo vi defeitos em tudo e em todos, sabe o que é viver achando que tudo pode e deveria ser melhor? Você imagina o quanto eu já procrastinei nesta vida?

Garanto que a decisão de tomar as rédeas e ser dono da sua vida, aceitando seus defeitos, suas conquistas, suas forças, suas fraquezas, seus desejos, requer vontade, e também coragem.

Eu fui a típica aluna nota 10, dedicada, estudiosa, exemplar, mas, (por que tem que ter o mas, um porém?) preciso assumir que a exposição, o lugar de vulnerabilidade sempre me trouxe incômodos, e, sim, para mim nunca foi fácil estar lá na frente e apresentar trabalhos.

Eu poderia ter vocação, mas demorei para desenvolver meu talento, isso só foi acontecer na graduação, e se fortaleceu quando comecei a trabalhar com suporte e com treinamentos, pois é, nossas experiências profissionais mesmo que de forma não intencional nos ajudam, promovem superação, preparo, conforto e segurança.

No meu caso, que busco ser muito boa no que faço, que busco perfeição nas minhas entregas, creio que estar segura é essencial, mas aprendi que segurança é adquirida no caminhar, então é verdade que sinto meu coração bater diferente quando está chegando a hora de subir no palco, e pode ser imperceptível, mas no início das minhas palestras, eu assumo minha voz fica tensa e trêmula, tem vezes que sinto meu rosto ficar quente e tenho a nítida impressão que estou vermelha como um pimentão, a grande questão é que isso não me assusta mais e muito menos me paralisa.

Muitos vão dizer que é despreparo, insegurança que eu preciso de cursos, e etc, eu apenas reforço aquilo que a internet vem nos lembrando há um tempo: eu não sou um robô. (quantas vezes você já deu um check nisso?)

Acho que estamos todos prontos, mas aqueles que além de aceitarem as experiências buscam autoconhecimento e auto aceitação, provavelmente crescem e evoluem com mais fluidez.

É preciso vontade e coragem para não deixar seu ego encontrar maneiras de te esquivar das situações não agradáveis, pois essas situações é que vão te dar o talento necessário para potencializar sua vocação.

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