Sobre liderar: 5 “dificuldades” enfrentadas por líderes de equipe
Antes de tudo, preciso esclarecer o motivo de ter colocado a palavra dificuldades entre aspas. O fato é que, para determinados líderes, alguns destes cinco pontos pode ter um certo grau de dificuldade e para outros, aqueles mais experientes, talvez seja algo bem natural.
Quando se atinge um certo grau de maturidade pessoal e profissional, o que te faz feliz está bem acima destas questões. Não são mais as “palmas” que te satisfazem, mas a sensação da realização em si, seja ela sua ou do time. Aliás, quando se está em um time, nada é conquistado isoladamente.
É preciso entender que liderar é quase como a arte de um alquimista, é aprender a compor ingredientes pessoais, servir, guiar, orientar, extrair o melhor das pessoas as quais você lidera. Liderar não é saber de tudo, longe disso, é compreender que o conhecimento necessário ao objetivo geral está acima dos seus e pode estar aí do seu lado, naquele elemento do time que você subestima. Conhecer as competências desses elementos é algo primordial, quiçá obrigatório, para um líder.
No post do Eberson, ele cita cinco dificuldades que o líder pode ter, as quais quis detalhar um pouco mais. Interessante que ele termina falando de ego, coisa que muitas pessoas alimentam ao tentar galgar cargos de liderança. Aqui deixo um alerta: cuidado para não se tornar um chefe! Chega de blá, blá, blá e vamos às cinco dificuldades, com uma sexta dificuldade de bônus!
1. “É abrir mão da opinião em prol do time”
Sabe aquela convicção que você tem “desde criança”? Aquela certeza que você acha que tem ao ponto de ser extremamente teimoso. Pois é, quando se trabalha em time muitas vezes você vai precisar abrir mão dela. Quando são diversas cabeças pensando na mesma direção, e pior, na oposta à sua, o melhor a fazer neste caso é analisar com muito cuidado o que está sendo proposto. Pode ser que seu time esteja vendo algo que você não teve a capacidade de ver. As vezes a experiência que acumulamos pode estar subestimando a capacidade de pessoas que você julga saber menos que você. E este tipo de pensamento já é errado por si só. Não podemos subjugar os outros por achar que, na posição de liderança, temos essa prerrogativa. Isso é imposição e não é condizente com ser líder, isso é ser um chefe impositor.
Em contraponto, faça sua análise pessoal e avalie se está sendo percebido o todo. Se seu time entende o contexto geral e holístico da sua opinião. Muitas vezes, pela falta de experiência, as pessoas acabam olhando apenas um parte do problema e não percebem certas consequências das decisões tomadas. Use o bom senso e identifique quando é hora de assumir e tomar a decisão. Mesmo assim, explique e embase seus pontos, ganhe a confiança do time na decisão tomada, para não parecer arrogante ou impositor.
2. “É aceitar a ideia boa do time, mesmo que não seja sua e se sentir feliz por isso”
Ideias podem vir da inspiração de qualquer pessoa. Elas nascem da capacidade que o ser humano desenvolveu para resolver problemas. Quando estamos diante de situações que requerem uma solução, temos o hábito de tentar buscar boas ideias a todo custo. Pelo menos as pessoas mais dispostas a isso. Quando fazemos parte de um time, é importante entender que todas as soluções encontradas ali são produtos do bom trabalho em equipe. Liderar também requer essa capacidade de aceitar a boa ideia do time e deixar que eles possam colher os “louros” dessa conquista, permita que brilhem. Exalte isso, elogie e enalteça as conquistas do seu time, você só tem a ganhar com essa atitude. Principalmente a confiança deles. Afinal, você é parte disso e pode se alegrar junto com eles, comemorando o objetivo atingido. Não deixe que o sentimento de ciumes tome conta de você. Isso é falta de maturidade e pode ser muito ruim para o seu crescimento e para o seu papel de líder.
Outra atitude nobre neste quesito, é promover o indivíduo. Fazer conhecido o profissional (individualmente) que, por ventura, tenha achado uma solução sozinho. Sou defensor da prática do “Dai a César o que é de César”, ou seja, reconhecer os méritos a quem os merece. Isso é ser um líder justo! Não acho justo que alguns tirem proveito do esforço de outros. Isso não é ser time, é oportunismo e num time de verdade isso jamais deve acontecer.
3. “É engrandecer o conhecimento da equipe, principalmente quando não o domina”
Este terceiro ponto ou terceira dificuldade, passa um pouco pela anterior, pois quando se trata de reconhecer a capacidade de criação e resolução de problemas do seu time, é importante que o líder faça isso de forma espontânea e com satisfação. Um líder de verdade deve saber quando e como reconhecer sua equipe pelos resultados alcançados e pela competência dos colaboradores que a forma.
Como já mencionado, a liderança não é, necessariamente, uma posição de total conhecimento e habilidade. Para além disso, o importante é saber compor um time que possa atender as necessidades para as quais está designado. Um maestro não sabe e não pode tocar todos os instrumentos de uma orquestra, mas ele conhece o efeito sonoro que cada um deles pode emitir e o que fazer para que a combinação de todos juntos possa produzir uma bela composição musical. Ainda neste exemplo/analogia, cada músico pode produzir belíssimas canções, mas, quando se juntam pela coordenação do maestro, o resultado final é realmente magnifico. E de quem é o mérito? Do grupo, incluindo o maestro!
4. “É ter o respeito pela diversidade de ideias, pra conseguir focar no resultado do todo”
Essa eu realmente considero que tem uma certa dificuldade. Não a parte do respeito, pois o respeito às pessoas e seus pensamentos é algo que precisa ser natural no líder. Me refiro a parte de gerir a diversidade de ideias para manter o resultado do todo. Existem ambientes em que a disputa pode ter bons e maus aspectos, principalmente em grupos de pessoas com alta performance. Nestes cenários é comum se criar um certo grau de “disputa” e é saudável, desde que aconteça com maturidade e sem embates. Conciliar este tipo de conflito precisa ser uma competência do líder.
Em se tratando de times de alta performance, as próprias pessoas se sentem mais responsáveis pelo atingimento da meta do grupo. Por exemplo, é comum ver times de venda com este tipo de característica se ajudarem, torcerem uns pelos outros e até criarem oportunidades entre as regiões que atuam, indicando negócios. Este é o lado “bom”. Há também o contrário, quando a disputa não é tão saudável assim, onde os conflitos aparacem e as pessoas passam a fazer uso da má política em benefício próprio. Neste tipo de ambiente, um líder de excelência precisa intervir, ser imparcial e fazer valer as regras do jogo ou criar conciliação entre as partes. Afinal, o objetivo do todo está acima do individual e quem não entende isso não serve para atuar em time.
5. “É também reconhecer um erro e voltar atrás”
Neste quinto tópico, volto a insistir que o líder não precisa ser o oráculo da sabedoria, não dever ser o dono da razão e achar que tudo que faz está certo. Alguém o colocou ali para gerir, cuidar e orquestrar as ações e o conhecimento de pessoas. E, mais uma vez, é preciso entender que a principal capacidade de um líder precisa ser a de lidar com pessoas. Enquanto líder, saiba que suas decisões podem não ser as mais assertivas sempre e será necessário reconhecer isso e voltar na sua decisão, quando acontecer. Não é demérito assumir que errou, pelo contrário, é uma atitude nobre e faz você ganhar o respeito das pessoas de bom senso.
Quando é preciso decidir sobre algo importante, nem sempre se tem muito tempo para pensar. Muitas vezes é preciso ser ágil e resolver a situação rapidamente. Quando isso acontece, é comum tomar decisões precipitadas e depois ter que rever a situação. Uma dica é, nessas horas, seja rápido e consiga tempo para ouvir outras opiniões, ter outros pontos de vista, antes de decidir. Isso pode te ajudar a mitigar erros.
6. Bônus track: É assumir a bronca
Sabe quando as coisas não saem conforme o esperado? Aquelas situações quando alguém do time faz algo que não produz o resultado correto, que gera um problema, constrangimento ou até situações mais complicadas. Pois é, sinto informar que, como líder, a culpa é sua! Como assim, Danilo, a culpa é minha? Sim, diante da empresa e das pessoas que vão cobrar uma solução, você precisa puxar a responsabilidade pra si! Um líder resolve seus problemas “dentro de casa”, trata internamente com a pessoa, toma as ações que julgar justas e necessárias, mas não a expõe. Pra fora ele vai até as ultimas consequências, assume os atos do time e busca resolver a situação. Apontar a culpa para o colaborador, responsabilizando-o pela falha, demonstra que você não estava atento, não serviu ao seu proposito de líder ou apenas concordou com algo sem avaliar todas as consequências e, neste ultimo caso, a responsabilidade é sua de qualquer jeito.
Não apresente desculpas, isso só vai piorar a situação. É mais honesto assumir e expor as falhas, do que ficar tentando achar culpados ou responsabilizar o alinhamento dos planetas. Traga a apresente soluções coerentes para o problema. Talvez não elimine as consequências, mas pode amenizar o mal estar deixado.
Já presenciei situações em que um time inteiro quase foi desligado, para evitar que apenas um pague o pato sozinho. Não estou aqui aconselhando este tipo de altruísmo, isso é muito particular de cada profissional, mas apontar o dedo em uma única direção não é a postura mais ética que se pode ter, afinal estamos falando de time e as consequências são para todos. Se os louros são para o time, por que as broncas também não devem ser?
Considerações finais
Diante das cinco dificuldades expostas na postagem, e a sexta que achei pertinente incluir, eu realmente entendo como todas elas podem afetar o trabalho do líder. Percebi algumas delas no meu dia a dia, não como dificuldades em si, mas como pontos que devo estar mais atento para conseguir ser um líder melhor.
Meu proposito aqui não é ser o dono da razão, mas apresentar uma visão mais detalhada de cada uma dessas possíveis dificuldades, com o intuito de colaborar com os colegas que se interessaram por este tipo de conteúdo.
Quanto você, leitor, fique a vontade para contribuir comentando seu ponto de vista, suas concordâncias e objeções ao que escrevi. Isso aqui é uma construção de ideias. Se você leu, gostou e acha que este texto pode contribuir com alguém que você conhece, compartilhe em sua rede ou envie para quem você quiser.
Como disse a gloriosa Brené Brown, “A coragem começa em nos mostrarmos e nos deixarmos ser vistos”, ser líder é primeiramente deixar ser conhecido, ser genuíno, ser de verdade. As pessoas se inspiram e se engajam naquilo que elas acreditam e conhecem. É desafiador se deixar conhecer por si e pelos outros, mas também gera valor na vida do outro e na sua.
Obrigado, @Amanda ❤️