Aprendendo a Delegar: Os 7 Níveis de Delegação
Recentemente, fiz uma publicação sobre a importância da “Delegação de Tarefas” onde o título em si já era uma provocação à reflexão: Você tem Delegado ou Delargado ?
Quando você assume uma posição de liderança, todos lhe dizem que precisa delegar mais para sua equipe, mas ninguém lhe diz exatamente porquê isso é importante e como fazer. E você simplesmente vai lá e faz… E faz da forma errada muitas vezes porque falta conhecimento técnico de como executar a atividade. Muitos líderes sofrem por enxergarem a delegação como algo binário: ou “eu faço tudo” (microgerenciamento) ou “eu largo tudo” (abandono).
Para mudar essa ideia de extremos, eu vou trazer o conceito desenvolvido por Jurgen Appelo (fundador do Management 3.0): Os 7 Níveis de Delegação.
A grande sacada desse modelo é entender que a delegação não é um interruptor de luz (ligado/desligado), mas sim um botão giratório (dimmer) que ajustamos dependendo do contexto, da maturidade da equipe e do risco da decisão.
Os 7 Níveis de Delegação
A escala vai de um controle total do gestor (Nível 1) até a autonomia total da equipe (Nível 7):
- Tell (Dizer): O gestor toma a decisão sozinho e apenas comunica à equipe. Não há discussão.
- Sell (Vender): O gestor toma a decisão, mas tenta “vender” a ideia para a equipe, explicando os motivos para ganhar engajamento.
- Consult (Consultar): O gestor pede a opinião da equipe antes de decidir. Ele ouve, mas a decisão final ainda é dele.
- Agree (Concordar): O gestor e a equipe discutem e precisam chegar a um consenso. A decisão é compartilhada.
- Advise (Aconselhar): A equipe toma a decisão, mas o gestor dá sua opinião ou conselho antes. A decisão final é da equipe.
- Inquire (Informar/Perguntar): A equipe toma a decisão sozinha e o gestor apenas pede para ser informado do resultado depois.
- Delegate (Delegar): A equipe decide totalmente sozinha e o gestor não precisa nem ser informado dos detalhes, confiando totalmente no processo.
É importante entender nesse modelo um conceito chave: você não delega pessoas, delega tarefas ou áreas de decisão.
O que isso quer dizer? “Eu confio no João, então ele está no nível 7”. Na verdade, você deve definir o nível para uma área chave de decisão.
Exemplo prático:
- Para “Escolher as tecnologias do projeto”: Nível 6 (Informar) – O time técnico decide.
- Para “Aprovar o orçamento anual”: Nível 3 (Consultar) – O time opina, mas a gestão decide.
- Para “Marcar as férias”: Nível 7 (Delegar) – O time se auto-organiza.
O importante nesse processo é que todos saibam claramente o “quanto de decisão” está sendo esperado em cada contexto. Quando isso acontece, a confiança cresce, os atritos diminuem e a equipe começa a operar com muito mais fluidez e responsabilidade.
Para finalizar essa dica, segue um roteiro de como colocar os 7 níveis de delegação em prática:
- Mapeie tarefas-chave: liste as principais decisões e responsabilidades do time.
- Escolha o nível ideal: para cada tarefa, defina qual nível de delegação é mais adequado, considerando a maturidade da pessoa, o impacto da tarefa e o contexto atual.
- Alinhe expectativas: comunique de forma clara. “Para essa tarefa, espero que você me consulte antes de decidir” (nível 5). “Pode tocar e me manter informado” (nível 6).
- Use visualmente: crie um quadro de delegação visível: tarefa + nível de delegação + responsável. Isso evita ruído e reforça o compromisso de ambos os lados.
- Revisite periodicamente: a maturidade do time muda e os níveis também. Reavalie com frequência e suba o degrau quando fizer sentido.
A delegação de tarefas eficaz proporciona:
- Libertar o tempo do líder para uma maior criatividade e inovação;
- Criar confiança dentro da equipe de trabalho;
- Permitir que os subordinados diretos evoluam enquanto líderes;
- Permitir que os colaboradores tenham autonomia para cumprirem missões, o que permite aumentar a inovação, a comunicação e a criatividade da equipe;
- Aumentar a produtividade, uma vez que a carga de trabalho é partilhada.
Lembre-se: Delegar não é simplesmente “passar a bola”, é decidir quanto de autonomia o liderado tem em cada situação. E isso pode (e deve) variar conforme o tipo de tarefa, o perfil da pessoa e o contexto do negócio.
Assumiu recentemente uma posição de liderança e quer saber mais sobre esse e outros processos de gestão de pessoas e equipes? Agende sua sessão de mentoria, será um prazer compartilhar um pouco do que aprendi na minha trajetória de mais de trinta anos de carreira dos quais vinte como gestor.
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